quinta-feira, 22 de abril de 2010

As melhores corridas de 2009

As melhores corridas de 2009
Balanço parcial
Entidades do mundo esportivo, associações de atletismo e publicações da área já divulgaram seu tradicional balanço do ano, avaliando quem foi o melhor atleta, a melhor prova, o mais desejado produto e por aí vai.
Tenho a dizer que, na íntegra, não concordo com nenhuma das listas que vi. São parciais, pouco inclusivas e pouco transparentes.
Pois resolvi então fazer uma pequena lista totalmente transparente, ainda que também total parcial.
Transparente porque você, sua excelência, o leitor, sabe de antemão quais são os critérios de eleição e quem são os eleitores.
Trata-se de apenas um juiz, este blogueiro, e os critérios são os de minhas gostanças, totalmente arbitrários e, quiçá, até volúveis, pois podem valer para uma coisa e não para outra categoria votada. Também que fique claro que falo apenas do que vivi, vi ou acompanhei de perto.
Começo elegendo a melhor prova do ano neste Brasilzão de sol, amor e confusão. Neste ano, corri por esta plagas três maratonas, algumas meias e um bom número de provas de distâncias outras, de dia, à noite, nos centros urbanos, em praias e no hinterland nacional.
Pois minha eleita como melhor prova do ano é a Interpraias, uma corrida de 18 km em Camboriú, que margeia um rosário de belas praias catarinenses, oferece morrões para subir e ainda nos brinda com trechos planos para queimar o asfalto. Ao longo do percurso, água em abundância e até postos de frutas.
Como se isso fosse pouco, os organizadores ainda se esmeram em dar muita atenção a cada corredor, além de muito valor pelo preço da inscrição: há uma mesa de bolos e frutos durante a tarde da retirada dos kits, ônibus gratuitos levam os atletas até o barco, que gratuitamente transporta a turma até a praia da largada. Antes da partida, um lauto café da manhã e, depois da chegada, generoso almoço. Tudo incluído, o que mostra que, mesmo com poucos recursos e cobrando pouco, dá para fazer uma prova rica, bonita e divertida. Ah, faltou dizer que há troféus para as categorias, o que faz com que boa parte dos atletas saia de lá com mais um bibelô para enfeitar sua sala.
Em segundo lugar, elejo a meia maratona internacional de Uruguaiana, que atravessa a fronteira com a Argentina e oferece um percurso bastante rápido e agradável.. Neste ano, faltou água em alguns postos no trecho argentino, mas houve bebida farta na parte brasileira. Depois da prova, churrasco e apresentação artística de danças gauchescas. Tudo incluído na inscrição, assim como o ótimo jantar de massas (que foi um tanto bagunçado, mas estava bem gostoso).
No exterior, não fiz muitas corridas neste ano, o que torna a eleição um tanto viciada. Mas, mesmo assim, vou destacar a estupenda meia maratona de Maraussan, na França. O povo lá é de uma gentileza sem par, em que pese a fama de rudeza dos franceses. Há muita comida, bebida e hospitalidade na histórica cidade, onde foi criada a primeira cooperativa de vitivinicultores que se tem notícia neste mundo velho sem porteira.
O atleta do ano, em 2009, é uma atleta. Ninguém resume mais o espírito de luta do corredor que Lucina Ratinho, um simpática senhora que não se intimida diante de corridas de 24 horas e que fez 62 km na prova do Rio, no apagar das luzes deste 2009 ((ih, errei!!! Ela fez 62 km numa ultra noturna quando estava com 62 anos; na prova do Rio, mais experiente, fez 105 km. E já se prepara para aumentar a quilometragem nas 24 da Aman, em março). Sobre ela, leia aqui o perfil feito por outro ultra da pá virada, o Carlos Dias, que cruzou os Estados Unidos de leste a oeste em empreitada beneficente, para arrecadar fundos para o Graacc, que atende crianças com câncer.
Entre os profissionais que vi em ação, também as mulheres foram destaque, começando pela guerreira Marily dos Santos e chegando às duas Marizetes, a Moreira e a Resende, merecedoras ambas de admiração. No masculino, gostei do espírito de luta de José Telles e da alegria de Adriano Bastos.
No plano internacional, pude ver pela TV várias maratonas. O queniano Wanjiru e o multirrecordista Haile são sensacionais, é claro, mas o que eu mais gostei de ver foi a garra de uma russa quarentona, Ludmila Petrova, que não deixou a peteca cair nas ruas de Nova York, mesmo acabando a prova em segundo lugar. Mostrou que é possível ser longevo na alta performance, o que é inspirador e bom augúrio até mesmo para os amadores.
O contraponto negativo do ano foram os aumentos dos preços das provas e a chegada de corridas com custo de inscrição que considero exorbitantes, levando em conta a realidade brasileira. Claro que isso é um negócio como qualquer outro e vivemos no capitalismo, onde o preço justo é o mais alto que o mercado aceite pagar --e as organizações de corridas estão praticando esse princípio com perfeição.
O que não nos impede de lamentar, pois é sabido que qualquer aumento de preços, por pequeno que seja, é um elemento limitante para grande número de pessoas. O que dizer então de reajustes de 40% e mais, ou de provas dujo preço de inscrição passa dos R$ 200?
Mas não quero terminar este balanço em tom reclamativo. Concluo, então, elegendo a revelação do ano. Para este escriba, vindo do mundo da tecnologia, foi o Twitter e seu criativo uso por uma boa parcela de corredores, que fez do microblog um ponto de encontro e comunicação, uma ferramenta de construção de amizades reais, concretas. Se você não conhece o grupo, entre no Twitter e faça uma busca por twittersrun, que vai logo descobrir uma turma alegre e divertida. Como devem ser as corridas...
Escrito por Rodolfo Lucena

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